O blog

Este blog foi criado em 2008 para a postagem das minhas colunas que eram publicadas no Infomoney e no extinto A Cidade.
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segunda-feira, 7 de setembro de 2015

O sapo, o escorpião e o atual governo

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Diz a fábula que havia na beira da água um sapo que foiabordado por um escorpião que pedia ajuda para atravessar o rio e se propôs ir nas costas do sapo. O sapo desconfiado admitiu que tinha receio de o escorpião picá-lo no meio do caminho. O escorpião argumentou que isso não fazia o menor sentido, pois se o picasse os dois morreriam juntos. Convencido pelo raciocínio lógico do escorpião, o sapo aceitou carregá-lo através do rio. Meio caminho percorrido rio adentro, o escorpião pica o sapo. Antes do mergulho fatal, eles conseguem trocar suas últimas palavras: “Por que você fez isso? questionou o sapo desolado. Faz parte da minha natureza.” resumiu o escorpião.
Toda fábula tem uma moral, mas esta e seus personagens em particular vão além e servem como uma metáfora do atual governo brasileiro e dos dois principais partidos de sua coalizão, o PT e o PMDB. Pensemos o rio como um caminho que pode ser fatal, mas que precisa ser percorrido. O rio é o ajuste fiscal e monetário em meio a maior recessão econômica de décadas, num ambiente de inflação alta, índice de aprovação do governo quase inexistente e comgovernantes sendo investigados ou indiciados por Polícia Federal, Tribunal de Contas da União e Tribunal Superior Eleitoral.
Todos sabem que para se chegar a outra margem do rio – o próximo mandato presidencial – com chances reais de se manterem no poder, devem primeiro atravessar estas correntezas que podem afogá-los, o que interromperia assimsuas aspirações de poder e comprometeria definitivamente suas biografias e relevância política.
Um depende do outro para atravessarem o rio e saírem ilesos. O sapo depende do escorpião que pode a qualquer momento o picar e o escorpião depende do sapo que pode mergulhar e afogá-lo. O PT depende do PMDB que têm domínio do Legislativo e pode viabilizar no Congresso um impedimento da presidente Dilma. E o PMDB depende do PT que tem a caneta que assina os cheques que são a razão de seu apoio ao governo em primeiro lugar.
Ademais, um impedimento de Dilma hoje deixaria o PMDB no poder, mas bem no meio das correntezas mais fortes da travessia. Seria de seu interesse (ou natureza)? E a depender do desfecho do julgamento do Tribunal Superior Eleitoral, o próprio PMDB pode ser alijado do poder em conjunto com o PT. Sem contar que a operação Lava-Jato pode ainda comprometer as aspirações políticas dos peemedebistas que presidem o Senado e o Congresso. 
Ao mesmo tempo que um apoio incondicional do PMDB a um governo e a uma governanta petista de quinta categoria,segundo 9 de cada 10 brasileiros, pode também não ser a melhor opção para quem almeja um dia chegar ao poder pelo voto popular.
Na fábula do governo brasileiro, tanto o PT quanto o PMDB têm ciência de sua interdependência e estão no início da travessia do rio. Curiosamente ambos parecem conhecer o desfecho da fábula que mimetizam. O que mais os intriga, porém, é que eles não fazem ideia de quem é o sapo e quem é o escorpião da história.

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