O blog

Este blog foi criado em 2008 para a postagem das minhas colunas que eram publicadas no Infomoney e no extinto A Cidade.
Atualmente publico no jornal O Pinhalense e no site O Financista.
Aproveitem!


segunda-feira, 26 de julho de 2010

Mais Lixo

Coluna publicada no A Cidade, em 17 de Julho de 2010

Pinhal que é uma cidade cheia de ineditismos deve estar prestes a lançar uma campanha peculiar. O lema será: “Não jogue o lixo no lixo”. Trata-se de uma campanha para se parar de utilizar os cestos de lixo instalados recentemente nas principais ruas da cidade.

Os cestos, além de possuírem um padrão estético questionável, primam pela funcionalidade quase nula. Primeiro porque cestos vazados daquela maneira não possuem capacidade de reter todo tipo de lixo jogado neles, causando uma sujeira direta na rua. Por isso, na prática, os lixos se transformaram na maneira consciente e educada de se jogar lixo na rua.

Em segundo, os cestos provam ser pouco práticos para a coleta dos resíduos que conseguem ser retidos por eles – ou se equilibrarem sobre eles. Eles não possuem sacos ou qualquer tipo de mecanismo que gire o cesto para que o lixo caia sobre os cestos dos coletores. Ou seja, eles diminuem sobremaneira a eficiência dos trabalhadores da coleta de lixo do município que tiveram que passar a se dedicar um maior tempo para o recolhimento do lixo dos cestos prejudicando o tempo dedicado a limpeza de outros lugares do município.

No limite, por mais contraditório que pareça, os novos cestos de lixo estão deixando as ruas da cidade mais sujas. E quanto mais forem instalados, mais suja a cidade ficará. As pessoas na presença do cesto sentem-se incentivadas a jogar com maior freqüência e maior volume seus lixos nestes cestos da rua. Mas o cesto não é de boa qualidade, não retém o lixo, que acaba voltando direto pra rua ao cair do cesto. O lixo que consegue permanecer no cesto é coletado por funcionários dedicados a isso, mas eles perdem muito tempo com essa coleta destes novos lixos e, por isso, deixam de varrer algumas ruas (inclusive aquela abaixo do cesto) ou as varrem de forma mais rápida e menos eficiente deixando alguma sujeira sem ser limpa.

No final do dia, as ruas ficam mais sujas gerando a necessidade (i) de se contratar mais servidores para a coleta, o que também é ineficiente do ponto de vista fiscal da prefeitura; (ii) ou de remover os novos cestos (quem autorizou a instalação deles em primeiro lugar?) substituindo-os por outros mais eficientes como aqueles de plástico anteriormente instalados; (iii) ou de se iniciar a campanha citada no início da coluna. Por favor, não utilizem os novos cestos.

Crime Compensa?

Coluna publicada no A Cidade, em 3 de Julho de 2010

Sim. Do ponto de vista econômico, o crime é compensador. Assumindo que agimos racionalmente, a simples existência de criminalidade é um indício que o crime compensa para aqueles que o praticam. Caso não compensasse, não teria porque o criminoso se arriscar.

É justamente uma equação de risco-retorno que um criminoso faz antes de cometer um crime. O retorno é o quanto ele conseguirá financeiramente cometendo o crime. O risco é a probabilidade de ser pego e uma vez preso, a expectativa de se permanecer na cadeia.

Quanto maior o retorno e menor o risco, mais compensador é o crime. Isso explica as altas taxas de criminalidade do Brasil. No país, o crime pode ser considerado uma atividade de baixo risco. Os criminosos dificilmente cumprem integralmente suas penas se e quando são pegos.

A quadrilha que furtou 21 veículos em Pinhal certamente considerava a possibilidade de ser presa. Não é possível não imaginar que se pode ser preso ao roubar tantos carros em uma cidade pequena como Pinhal. Mas o grupo de criminosos também dava como certo que uma vez presos, eles ficariam temporariamente encarcerados. Não tenho atualizações, mas segunda a última edição do jornal A Cidade, a quadrilha já deve estar em liberdade numa hora dessas. Você tem certeza que seu carro está na garagem neste momento?

Inoperância compensa?

Sim. O caso do aterro sanitário da cidade mostra que governar sem planejamento, sem iniciativa e sem responsabilidade não deve trazer prejuízo algum aos governantes e seus assessores. Caso corressem algum risco de perda de emprego ou mandato, os responsáveis na prefeitura pela situação do aterro não deixariam a questão chegar ao ponto que chegou.

A proposta de Serra para o governo federal vale para Pinhal: é necessário estatizar a administração municipal. Pois ela não demonstra servir aos interesses públicos ou não se mostra capaz de fazê-lo. Até quando o prefeito vai esperar para realizar uma avaliação de desempenho de seu secretariado para perceber que muita coisa precisa e pode ser melhorada em seu governo.

Tenho a crença que o prefeito quis se reeleger por motivos bem mais nobres e públicos do que simplesmente para engordar sua pensão vitalícia.