O blog

Este blog foi criado em 2008 para a postagem das minhas colunas que eram publicadas no Infomoney e no extinto A Cidade.
Atualmente publico no jornal O Pinhalense e no site O Financista.
Aproveitem!


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Quanto vale um diamante?

Publicado no A Cidade no dia 20 de fevereiro de 2010 e no portal Infomoney

Escrevo a coluna desta semana da Chapada Diamantina, Bahia, onde passei o carnaval. O nome da chapada vem da exploração de diamantes na região, que data do século 18 e continuou até o final do século 20. Ainda, hoje, alguns garimpeiros exploram a região mesmo que seja de forma ilegal.

Em um dos passeios pela região, um destes garimpeiros me ofereceu diamantes para comprar. Nem perguntei o preço das pedras, mas isso nos fez questionar qual o valor de um diamante. Embora seja comumente confundido, o conceito de preço é diferente do de valor. Preço é igual para todo mundo. É aquele que está marcado na etiqueta. Já o valor é individual, cada um tem uma opinião a seu respeito. Ou seja, o valor advém da percepção de cada um a respeito de quanto vale ou de quanto lhe é útil determinado bem. Para que as mercadorias sejam comercializadas, a regra básica é que o valor do bem para o consumidor seja maior ou igual ao seu preço.

Voltando à questão inicial de quanto vale um diamante, podemos dizer que o valor do diamante, por este ser um bem supérfluo, deve variar bastante de pessoa para pessoa. Mesmo sendo uma pedra rara e preciosa, um diamante provavelmente vale muito pouco para uma pessoa sozinha no deserto, por exemplo. Certamente uma água de coco deve valer mais que um diamante para esta pessoa.

Não só de pessoa para pessoa, o valor das coisas também varia através dos tempos e de lugar para lugar. O processo de precificação dos bens, portanto, não leva somente em conta o custo de produção, mas também tenta captar como um consumidor típico valoriza estes bens. Isto explica o porquê dos itens da moda serem mais caros que os tradicionais ou uma capa de chuva custar mais caro nos dias que chove.

O alto preço cobrado pelos diamantes, portanto, indica que a maioria das pessoas os valoriza bastante. Uma das explicações para isto reside em sua raridade e beleza. Eu particularmente não me convenço somente com esta explicação. Credito muito da valorização dada ao diamante ao fator cultural e psicológico criado por campanhas de marketing, no passado, dos grandes produtores de diamante. E pra você? Quanto vale um diamante?

Economia do Show de Heavy Metal

Publicado no A Cidade no dia 6 de Fevereiro de 2010

Sábado passado fui ao show do Metallica, em São Paulo. Os ingressos já estavam esgotados há semanas e na entrada do estádio dava para ver que alguns ali estavam acampados há alguns dias para garantir os melhores lugares na pista.

Na época em que foram colocados à venda, já era certo que os ingressos se esgotariam mesmo se custassem mais caro. Mas por que, então, os produtores do show não aumentaram o preço dos ingressos?

Uma explicação para essa aparente irracionalidade dos produtores reside na intenção deles de selecionar o perfil da audiência do show. Da mesma forma que algumas casas noturnas estabelecem preços astronômicos para selecionar apenas pessoas de classes sociais mais elevadas, os produtores de shows de rock querem atrair um perfil mais jovem para os shows e, por isso, não podem cobrar preços muito salgados.

O interesse dos organizadores pela audiência mais jovem está no perfil de consumo deste grupo. Os jovens, ao contrário dos adultos, possuem uma propensão maior ao consumo de camisetas, CDs e DVDs das bandas de rock. O ingresso do show, na visão dos produtores, é apenas parte do pacote que está sendo comercializado e, portanto, o preço dele não pode inviabilizar o consumo dos demais itens da cesta.

Ademais, os jovens têm disponibilidade para acamparem na porta dos estádios às vésperas dos shows conferindo publicidade e mídia à banda e a seus produtos. Adultos já não possuem tanta disposição.

Nós, economistas, gostamos de achar explicações racionais para eventos ou atitudes que, às vezes, realmente são irracionais.

Sabesp

Recebi uma carta do vereador José Gilberto Viola com material sobre o contrato e negociação da Sabesp com Pinhal. Agradeço o envio. Embora tenha restrições à proposta de municipalizar as operações de saneamento da cidade, concordo plenamente com ele quanto à necessidade de um processo licitatório para a seleção do operador. R$ 6 milhões é muito ou pouco? Eu não sei. Alguém tem condições de dizer? Eu não vi nenhum cálculo usado para balizar e justificar este valor. Alguém viu?