O blog

Este blog foi criado em 2008 para a postagem das minhas colunas que eram publicadas no Infomoney e no extinto A Cidade.
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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Pior lugar para se investir

Coluna publicada no A Cidade, em 27 de novembro de 2010

Pior lugar para se investir. É este o recado que a administração de Espírito Santo do Pinhal pode estar passando ao mercado ao subsidiar de forma pontual e aparentemente arbitrária algumas empresas e projetos que aqui estão ou que aqui pretendem se instalar.

Estes subsídios são geralmente sob a forma de auxílio aluguel e até de repasse de bens imóveis sem quaisquer ônus aos empreendedores, o que tem sido mais comum recentemente. Eles seriam plenamente justificados num ambiente de recessão econômica e ainda assim deveriam ser temporários. Ou se seguissem uma política de desenvolvimento municipal transparente e planejada, que não é o caso. Em um momento de economia aquecida, como o atual, se uma empresa só se interessa em investir na cidade sob esta condição de concessão de benefícios é porque algo de errado tem por aqui.

Se o subsídio não é uma condição para o investimento ou permanência da empresa, então ele não é necessário e os recursos do município estão sendo mal alocados. Se o subsídio é uma condição para a instalação da empresa, num momento de aquecimento econômico, isto é um indício que a empresa é pouco rentável e competitiva e não deveria ser de interesse da administração sustentar empresas ineficientes. Ou a empresa é até rentável, mas exige um prêmio pelo fato de o investimento ter que ser em Pinhal. Que seria a tese do pior lugar para se investir.

Em economia dizemos que as atitudes carregam informações nem sempre visíveis e nem sempre verdadeiras. É a chamada sinalização. Se um profissional em busca de emprego possui mestrado, ele sinaliza a um recrutador que ele é melhor que seu concorrente que não possui mestrado. Na prática, pode ser justamente o contrário.

Ao dar subsídios para empresas, a Prefeitura sinaliza que: não sabe aplicar seus recursos; ou só beneficia empresas pouco eficientes; ou Pinhal não é um bom lugar para se investir —a ponto de ter que literalmente pagar para empreendedores investirem por aqui.

Neste último caso, o problema pode ser solucionado. Um primeiro passo seria um estudo de diagnóstico do ambiente de negócios da cidade. Deste estudo sairiam os objetivos estratégicos, as vantagens e fraquezas do município e planos de ação para contornar estas deficiências e potencializar ou dar publicidade para as vantagens. O segundo passo, por mais óbvio que pareça, seria pôr em prática este plano de ação buscando atingir os objetivos delineados no primeiro passo. Planejamento é isto. Para tanto, são necessários engajamento e investimentos da administração. Mas os recursos, principalmente os financeiros, aparentemente não faltam.