O blog

Este blog foi criado em 2008 para a postagem das minhas colunas que eram publicadas no Infomoney e no extinto A Cidade.
Atualmente publico no jornal O Pinhalense e no site O Financista.
Aproveitem!


quarta-feira, 29 de julho de 2009

PCH polêmica

Coluna a ser publicada no Jornal A Cidade de 1 de Agosto de 2009

Concordo com a Cemirim quando o assunto é a PCH em estudo para ser instalada na região do bairro Veridiana. Ninguém ainda decretou que a usina será construída. Tudo é muito preliminar e ainda deve ser feito o estudo de viabilidade econômica e ambiental. Ou seja, se os danos à região atingida superarem os benefícios econômicos de uma PCH, o projeto será considerado inviável e engavetado.

Mas este estudo dos impactos ambientais deve ser feito com bases técnicas. Não será a gritaria de pessoas ambientalmente engajadas que determinará se os prejuízos são grandes ou pequenos. Este método de gritar ao invés de argumentar e de apelar para as emoções com o emprego de palavras do tipo “santuário”, “berço dos dourados” e “matança de peixes” são típicos de ambientalistas.

Muitas vezes este ambientalismo radical perde a razão quando confrontado com fatos e dessa maneira perde a credibilidade toda vez que se manifesta. Por isso não estou nem um pouco preocupado, a priori, com a PCH do bairro Veridiana e tampouco com os dourados que habitam por lá. Os estudos (e não os gritos) dirão se devemos nos preocupar ou não.

Quanto à justificativa econômica de se construir uma PCH, se ela irá atender a região, não faz sentido construí-la em locais muito distantes para integrar o sistema de transmissão nacional. Sua proximidade mitiga o risco de falhas na transmissão e diminui o custo de energia na ponta consumidora. PCHs geralmente atendem consumidores industriais da região em que estão inseridas. Por isso, comparar sua potência com a capacidade de produção do país também não faz sentido. Assim como essa PCH próxima a Pinhal representaria 0,0044% da potência instalada do Brasil, o PIB municipal pinhalense representa 0,018% do PIB brasileiro. Concluímos então que a economia da cidade é desimportante? Eu acho que não é por aí...

Doou por quê?

Foi veiculado no AC que a Prefeitura doou terras para uma empresa construir seu centro de distribuição que gerará mais de 50 empregos. É a política industrial pinhalense em ação. Desconheço os detalhes da negociação, mas fico curioso para um detalhe: por que doar algo que se pode emprestar, no caso, ceder o direito de uso? Para a empresa beneficiada o efeito prático pode ser o mesmo se forem pré-estabelecidas e cumpridas condições de renovação automática da cessão do terreno. Talvez a justificativa seja manter aberta a possibilidade de, daqui a 30 anos, a administração municipal de plantão poder comprar o terreno de volta...

sexta-feira, 17 de julho de 2009

O papa e a crise

Coluna publicada pelo A Cidade e Infomoney.com, em 18 de Julho de 2009

A mais recente encíclica do papa Bento XVI “Caritas in Veritate” (“Caridade na Verdade”) trata sobre o desenvolvimento humano. E como não podia deixar de ser, aborda temas contemporâneos como a atual crise econômica. Sobre ela, o papa é assertivo: a crise do sistema econômico é fruto da busca exacerbada do lucro.

Sem dúvida que a busca do lucro gerou a crise, mas é inquestionável que a procura incessante pelo lucro também será a causa da recuperação econômica que ocorrerá. A busca do lucro é inerente ao sistema e estará presente em todas as fases dos ciclos econômicos. Não é esta a causa das mazelas do planeta.

O sistema provoca desigualdade e é injusto? Sem dúvida. Mas não se pode negar que continua sendo o melhor sistema. Qualquer mecanismo econômico que parta da premissa de ser igualitário é utópico e insustentável. Já é notório que mesmo com todos os ganhos de produtividade, os recursos do planeta não são suficientes para atender satisfatoriamente toda a população do mundo.

Só para exemplificar, caso dividíssemos de forma igual estes recursos entre todos os habitantes do globo, poderíamos chegar a uma situação na qual não sobrariam recursos, por exemplo, para as pessoas comprarem este jornal que você está lendo agora. Só isto tornaria a publicação de jornais algo sem sentido e os profissionais que trabalham em jornais já perderiam seus empregos. Isto é sustentável?

O papa, em sua encíclica, parece reconhecer isto e argumenta que falta ao sistema agir, nesta busca do lucro, de forma mais ética, caridosa e ambientalmente sustentável. Nada mais justo e oportuno. Mas ilude-se quem acha que este conselho deva ser acatado e seguido espontaneamente pela figura impessoal do “sistema” ou pelos líderes e dirigentes das grandes corporações capitalistas. Estes são meros maximizadores de lucro dentro dos limites impostos pelo mercado. E o mercado é formado pelos consumidores.

O conselho do papa deveria, então, ser seguido por todos. Nenhum capitalista passará a buscar o lucro de forma sócio-ambientalmente sustentável se ele não for incentivado para tanto. E este incentivo só surgirá quando isto for exigido por seus consumidores.

É muito cômodo culpar os empresários e banqueiros pelas mazelas do planeta. Mudar de atitude e reconhecer a parcela de culpa de cada um deve dar muito trabalho. Pois, parece ser mais fácil continuar jogando papel na rua e comprando DVD pirata...

terça-feira, 7 de julho de 2009

Ganhei a Mega Sena. E agora?

Coluna publicada no A Cidade, em 4 de Julho de 2009

Semana passada foi sorteado o maior prêmio da Mega Sena do ano. Foram cerca de R$ 55 milhões divididos por quatro bilhetes que acertaram todas as seis dezenas. Até onde eu sei, não foi ninguém de Pinhal quem levou essa bolada. Mas quem já não fez planos do que fazer com um prêmio da Mega Sena? Se algum leitor vier a ganhar, seguem alguns pontos a serem considerados antes de torrar todo o dinheiro em festas e nos novos parentes que aparecerão.

Sempre escuto histórias de pessoas que após ganhar grandes prêmios só compram imóveis e acabam imobilizando todo o prêmio. Conforme já escrevi anteriormente, ficar imobilizando recursos reflete uma visão retrógrada de bom investimento e criação de valor. Investir em imóveis é interessante? Sim, desde que se restrinja a uma parcela pequena do patrimônio.

Colocar tudo na poupança ou em um fundo de investimento conservador também já não é mais uma decisão óbvia para o premiado. Embora, em números absolutos, o rendimento mensal de um prêmio de loteria seja significativo, a tendência é este tipo de investimento ter nos próximos anos um rendimento cada vez menor dada as perspectivas de quedas cada vez maiores das taxas de juros reais da economia.

Uma economia com taxas de juros baixas deverá mudar a mentalidade do investidor brasileiro. Será o fim de uma era de ganhos sem riscos. Neste contexto, cada vez mais o investidor deverá buscar opções mais arriscadas de investimento se quiser buscar uma maior rentabilidade de seu patrimônio. Isto também contribuirá para a popularização de outras opções de investimento que sofriam concorrência desleal dos fundos de renda fixa, neste rol estão os títulos de dívida de empresas, as chamadas debêntures.

Para o ganhador da Mega Sena essa busca por mais risco e retorno quer dizer dedicar uma parcela cada vez maior de seu prêmio para o investimento em renda variável. Ou seja, investimento em ações de empresas e até mesmo em negócios próprios.

Espero que este seja o maior ganho do país com a queda dos juros: a criação de um espírito empreendedor naqueles que buscarem uma rentabilidade maior para seus investimentos. O Brasil só alcançará um bom nível de desenvolvimento econômico no dia em que um vencedor da loteria ao resgatar seu prêmio tenha o desejo de abrir um negócio próprio ao invés de deixar todo o dinheiro no banco rendendo juros.