O blog

Este blog foi criado em 2008 para a postagem das minhas colunas que eram publicadas no Infomoney e no extinto A Cidade.
Atualmente publico no jornal O Pinhalense e no site O Financista.
Aproveitem!


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Planos Improváveis

Coluna publicada no A Cidade, em 11 de setembro de 2010

Semana passada estive em Pinhal e fui à lotérica apostar no maior prêmio da mega-sena do ano. Ao apostar, é inevitável fazer planos do que fazer com o prêmio caso a gente ganhe.Imagino que quase todo mundo faz isso, até quem não aposta. Enquanto esperava na fila, porém, comecei a ler o verso do bilhete, que tratou de me lembrar de que minha probabilidade de acertar as seis dezenas era de 1 em 50 milhões. Que baque.
Trazido novamente à Terra e ao mundo real de uma fila de lotérica que parecia não andar, quase desisti de apostar. Porém, como já havia decorado os números de minha aposta, já havia me tornado refém deles e não conseguiria deixar de fazer a aposta. Perder a mega-sena não gera frustração. Frustrante é saber que você deixou de ganhar a mega-sena.
Decidido pela aposta, resolvi, porém, ser mais cauteloso em meus planos. Afinal, acertar a combinação do jogo é um evento tão improvável quanto —se não mais— o de você ser atingido na cabeça por um relâmpago no meio da rua.
Ou seja, se vamos fazer planos futuros que envolvam eventos tão improváveis como ganhar a mega-sena, é razoável supor —e deveríamos ao menos considerar— que no caminho nos depararemos com outra sorte de eventos menos improváveis, como um raio na cabeça ou um terremoto em Pinhal... Talvez seja por isso que muitos morremos sem nunca ganhar na loteria. Triste, mas verdadeiro.

O novo estado brasileiro

Reportagem da última semana de Veja sobre o aparelhamento do estado e o acompanhamento da mídia, nas últimas semanas, do caso da quebra de sigilo fiscal de membros da oposição estão trazendo alguns depoimentos de juristas e cientistas políticos que alegam que esses episódios representam uma ameaça ao estado democrático de direito do Brasil. Considero um absurdo pensar dessa forma. Não existe mais ameaça. O estado democrático já foi tomado de assalto há pelo menos cinco anos. Tampouco existe crise institucional, pois as instituições funcionam, mas com um desvio de finalidade. Não servem mais à democracia, mas ao partido/governo.
O governo atual soube confundir ao menos três quartos da população que democracia é crescimento econômico com distribuição de renda e ponto. No demais, nada importa e não amolem, por favor.Outros eventos de corrupção, patrocinados pelo governo ou não, só contribuem para a indiferença e anestesia da população. Enquanto estivermos com emprego e/ou ganhando bolsa, por que vamos reclamar, né? Triste, mas verdadeiro.