O blog

Este blog foi criado em 2008 para a postagem das minhas colunas que eram publicadas no Infomoney e no extinto A Cidade.
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segunda-feira, 7 de setembro de 2015

O orçamento que não foi: a concepção de Dilma-bomba

A presidente Dilma Roussef perdeu uma oportunidade de ouro de dar um troco no Congresso, que vive a enquadrando e constrangendo-a, ao enviar uma proposta de orçamento na qual as despesas superam as receitas e sem propor alguma solução se quer para este déficit. Foi algo inédito na história.
Os jornalistas logo papagaiaram a versão oficial que isso significava uma mudança positiva de atitude do governo, que agora estava sendo razoável (leia-se sincero) e transparente ao não considerar premissas irreais e nem maquiagens orçamentárias. Já a versão dos bastidores plantada pelo Planalto na mídia amiga e/ou preguiçosa era que esta medida jogava o Congresso contra a parede, pois ficaria com eles a solução dos problemas de orçamento que em parte eles possuem responsabilidade ao criarem dia sim outro também mais despesas com as quais Dilma tem que se virar ou vetar.
Na verdade, esta estratégia do governo Dilma apenas revelou uma extrema ingenuidade política do núcleo duro (ou seria mole?) do Planalto, pois na prática levantou a bola para os críticos e o Congresso cortarem e acusarem o governo de incompetente e irresponsável. E com razão!
Dilma tem que entender que ela possui menos de 10% de aprovação e que aqueles que a aprovam hoje, na atual conjuntura, provavelmente seguirão aprovando-a não importa o que ela faça. Em outras palavras, ela não tem nada a perder e pode arriscar. O que é um risco para o Brasil obviamente. Mas disso resulta que se ela realmente quisesse constranger politicamente a Câmara, poderia usar da mesma moeda com que o Congresso a constrange. Ou seja, ela deveria colocar a previsão da volta da CPMF ou de criação de qualquer outro imposto na peça orçamentária como forma de cobrir o déficit previsto para o ano que vem.
Se este fosse o caso, com quem ficaria o ônus de gerar um déficit e acelerar o processo de perda de grau de investimento caso o Congresso não aprovasse a CPMF? No mínimo, a Câmara Federal teria que propor umaalternativa e não se omitir. Mas da forma que foi feito, não há nenhum incentivo político para o Congresso ajudar um governo que se provou fraco e amador neste processo.
Com episódios como esse que viraram mais regra do que exceção, a presidente Dilma caminha em ritmo galopante para o encurtamento de sua estada no Alvorada. No momento que ela se convencer que seu governo perdeu há tempos capacidade de reação e que o prolongamento deste vácuo de poder só contribui para a deterioração da situação socioeconômica do país, talvez ela renuncie ou articule o aceleramento dos processos que levarão ao seu impeachment só para que lhe reste um discurso de golpe e para talvez emplacar esta versão nos livros escolares de história de nosso país quase nada tendenciosos.
Contudo, até o momento, Dilma demonstra ter a teimosia de fanáticos e uma lógica de psicopatas. Não parece se importar em praticar um suicídio político e trazer consigo para o buraco um país inteiro.

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